Empathic Way: Journey of Non-Violent Communication
A ANEP concretizou a sua primeira parceria Erasmus+ com a KALM International Trainings, dinamizando na Letónia, nos dias 20-29.08.2024 (Parte 1) e 14-23.11.2024 (Parte 2), o projeto “Empathic Way: Journey of Non-Violent Communication)”.
Através de uma Open Call para residentes em Portugal, Espanha, Itália, Macedónia do Norte, Eslováquia, Polónia, República Checa e Letónia, pessoas com +18 anos, que trabalham com população jovem e tem uma boa capacidade de comunicar em inglês puderam candidatar-se a esta programa.
O que é a Comunicação Não-Violenta?
A Comunicação Não-Violenta (CNV), desenvolvida pelo psicólogo Marshall Rosenberg, é uma abordagem transformadora de comunicação que promove empatia, compreensão e conexão nas interações humanas. No seu núcleo, a CNV encoraja-nos a comunicar sem julgamento, culpa ou coerção, focando-nos, em vez disso, na compaixão e no respeito mútuo. Oferece um enquadramento para expressarmos os nossos sentimentos e necessidades de forma clara, ao mesmo tempo que ouvimos as outras pessoas com empatia, permitindo-nos abordar os conflitos de forma pacífica e construir relações mais fortes.
A CNV baseia-se no princípio de que todas as pessoas têm necessidades universais, como a necessidade de conexão, respeito e segurança, e que as nossas ações são impulsionadas pelas tentativas de satisfazer essas necessidades. Ao reconhecermos e expressarmos as nossas próprias necessidades, enquanto compreendemos também as necessidades das outras pessoas, a CNV ajuda a transformar o conflito em oportunidades de conexão.
O processo envolve quatro etapas-chave: observações (notar o que está a acontecer sem julgamento), sentimentos (identificar e expressar emoções), necessidades (reconhecer as necessidades subjacentes que impulsionam essas emoções) e pedidos (fazer pedidos específicos respeitando a liberdade das outras pessoas de dizerem não). Este método afasta-se da crítica e das exigências, promovendo, em vez disso, um diálogo aberto e soluções cooperativas.
O que foi aprendido no projeto?
No projeto “Empathic Way: Journey of Nonviolent Communication”, as pessoas participantes foram imersas na aplicação prática dos princípios da CNV, adquirindo competências essenciais de comunicação que podem ser aplicadas tanto no contexto pessoal como no profissional. O foco do projeto foi como a CNV pode melhorar as relações, particularmente no trabalho com jovens, onde a empatia e a compreensão são cruciais para fomentar o crescimento e a conexão.
As pessoas participantes aprenderam a importância das quatro etapas principais da CNV:
- Observações vs. Julgamentos: Foram ensinadas a distinguir entre observações objetivas e julgamentos subjetivos. Por exemplo, dizer “Não entregaste o relatório a tempo” (uma observação) é muito mais construtivo do que rotular alguém como “sempre atrasado” (um julgamento). Ao focarem-se no que é observável, as pessoas participantes conseguiram envolver-se em conversas menos defensivas e mais construtivas.
- Sentimentos vs. Pensamentos: As pessoas participantes exploraram a diferença entre sentimentos genuínos (como tristeza ou alegria) e pensamentos ou “falsos sentimentos” que estão ligados a julgamentos. Aprenderam a expressar as suas emoções de forma autêntica, promovendo a conexão ao reconhecerem como se sentem verdadeiramente, em vez de projetarem suposições sobre as outras pessoas.
- Necessidades vs. Estratégias: Um ponto crucial foi reconhecer que as necessidades são universais, enquanto as estratégias são métodos específicos para satisfazer essas necessidades. As pessoas participantes aprenderam a focar-se na compreensão e expressão das suas necessidades, o que abriu possibilidades para soluções colaborativas, em vez de exigências rígidas.
- Pedidos vs. Exigências: Ao aprenderem a fazer pedidos claros e exequíveis, deixando espaço para as outras pessoas dizerem não, as pessoas participantes cultivaram uma cultura de cooperação. Compreenderam que os pedidos, quando formulados de forma respeitosa, promovem o respeito mútuo, enquanto as exigências tendem a aumentar o conflito.
A formação também enfatizou a empatia e a “autoempatia”, encorajando as pessoas participantes a estarem plenamente presentes nas suas conversas, ouvindo sem julgamento e respondendo com compaixão. O conceito de alternar entre modos de comunicação “Girafa” (empática) e “Chacal” (julgadora) deu às pessoas participantes ferramentas para transformar interações conflituosas em diálogos mais compassivos.
Testemunho
“Este Training Course foi super interessante e completo. As profissionais que nos acompanharam ao longo da semana souberam criar um excelente ambiente de aprendizagem e proporcionaram imensos momentos de prática e de partilha. Ao longo deste tempo pude conhecer realidades e técnicas diferentes que, sem dúvida, irei levar para a minha prática profissional. Especialmente atividades relacionadas com empatia, honestidade e comunicação.
Além disso, a Letónia é um país muito bonito – especialmente longe das grandes cidades. O sitio onde ficámos durante a formação era incrível, calmo e acolhedor.
Estou muito contente por ter participado e sinto-me inspirada para novos desafios!“
Marisa Luz, Vice-Presidente da ANEP
Porque é que a CNV é útil para estudantes de psicologia?
Para estudantes de psicologia, aprender Comunicação Não-Violenta oferece ferramentas inestimáveis que se alinham diretamente com os objetivos da sua profissão: compreender o comportamento humano, facilitar a mudança e promover o bem-estar emocional. Aqui está o porquê de a CNV ser especialmente benéfica para estudantes nesta área:
- Aprimora a Escuta Empática: A CNV ensina as pessoas estudantes de psicologia a escutar verdadeiramente com empatia, uma competência essencial para a prática eficaz de aconselhamento e terapia. Ao ouvirem atentamente, parafrasearem e esclarecerem, podem compreender melhor o estado emocional e as necessidades das pessoas clientes. Esta habilidade ajuda-os a formar ligações mais profundas e de confiança, essencial para o sucesso terapêutico.
- Melhora as Competências de Resolução de Conflitos: Como futuros profissionais da psicologia, as pessoas estudantes irão lidar frequentemente com conflitos interpessoais, quer em sessões de terapia, quer em ambientes organizacionais. A CNV oferece uma abordagem estruturada e compassiva para a resolução de conflitos, ajudando-as a guiar as pessoas clientes em conversas difíceis e a abordar as necessidades subjacentes, em vez de se concentrarem em disputas superficiais.
- Fomenta a Auto-Consciência e a Autoempatia: As pessoas estudantes de psicologia são incentivadas a desenvolver auto-consciência e regulação emocional. O foco da CNV na autoempatia ajuda-as a reconhecer os seus próprios sentimentos e necessidades, permitindo-lhes manter uma perspetiva equilibrada em situações de stress. Isto é crucial para manter limites profissionais e evitar o burnout nas suas carreiras.
- Promove a Comunicação Ética e Respeitosa: A psicologia é uma área onde a conduta ética é fundamental. O foco da CNV numa comunicação respeitosa e sem julgamentos alinha-se com os princípios éticos da psicologia, como o respeito pela autonomia das pessoas clientes e a promoção da dignidade. Aprender CNV prepara as pessoas estudantes para lidarem com situações eticamente desafiantes de forma compassiva e clara.
- Aplicável em Diversos Contextos: A CNV é versátil e pode ser aplicada em diversos contextos onde as pessoas estudantes de psicologia poderão trabalhar — escolas, hospitais, centros de aconselhamento e locais de trabalho. Quer estejam a interagir com clientes, colegas ou supervisores, a CNV oferece uma estrutura para criar um ambiente mais empático e colaborativo.
Em resumo...
Em resumo, as competências adquiridas através da CNV são essenciais para fomentar a compreensão, resolver conflitos e criar relações empáticas e produtivas — competências que são diretamente transferíveis para os futuros papéis das pessoas estudantes de psicologia.
Este projeto é apoiado e cofinanciado pelo #ErasmusPlus e pela Agência de Programas Internacionais para a Juventude da Letónia (@jspa_latvia). Organizado em parceria com a Associação Nacional de Estudantes de Psicologia (ANEP) de Portugal, youth4youth de Itália, Avatar 3000 da República Checa, Zavod Kajžica da Eslovénia, Corpografies de Espanha, Litera Academy da Macedónia do Norte e Mudita da Polónia.
Registos Fotográficos da 1ª Parte
